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Exercício metodológico da historiografia linguística
Sebastião Milani (UFG)*
Resumo: Este minicurso busca mostrar o ponto de vista dos sujeitos-falantes que participaram da construção do evento social ou do objeto estudado por meio da historiografia linguística. O objeto sempre é o texto, com sua formação conceitual e metodológica, sua enunciação e seu enunciado. O mais difícil na pesquisa linguística e historiográfica é construir o objeto a ser estudado, porque não se trata de uma obra inteira, não se trata de um livro inteiro, nem de uma vida inteira, trata-se de uma síntese constituída dos elementos conteúdo e expressão em um determinado lugar e tempo por uma subjetividade. A análise que será feita mostrará que todos os indivíduos nascem ignorantes de todos os assuntos. Esse indivíduo torna-se sujeito e cidadão em uma sociedade por meio de uma língua. Aprende determinado assunto com cidadãos mais experientes, assimila os conceitos e desenvolve seu modo particular de arranjar os textos em que expressa suas ideias. Os conceitos que usa são os que aprendeu, mas sua metodologia é uma reformulação de todas as metodologias que conheceu, por isso é diferente de todas as outras. Assim, conceitos são continuados até que deixam de existir e as metodologias são sempre rupturas, porque são subjetivas. Em um estudo historiográfico linguístico, sobretudo de textos escritos, os conceitos e a metodologia podem ser reconstituídos a partir das fontes. As fontes mais importantes geralmente estão marcadas por meio de citações e da terminologia, mas sempre existem outras, que subjazem o texto, essas que não são marcadas são tão importantes quanto as marcadas, são mais difíceis de apresentar, e revelam com muita precisão a filiação teórica do texto. Deste modo, que os conceitos de signo, que foram muitos no século XIX, estão filiados a Platão; que os conceitos de signo de Saussure e Bakhtin estão filiados ao conceito de signo de Humboldt; que o conceito de sujeito-falante de Saussure está vinculado ao conceito de cidadão-individual de Humboldt; que o conceito de sensação de Humboldt está filiado ao conceito de sensação de Condillac, que, por sua vez, está filiado ao conceito de sensação de Aristóteles e ao de Platão. O resultado desse minicurso é revelar o trabalho do linguista historiógrafo de mostrar como os textos são sempre continuidade conceitual e ruptura metodológica (MILANI, 2008): “a sobrevivência da sociedade depende da manutenção da organização que se constitui pela arrumação inflexível e opressora e que se reproduz pelos conceitos que são sempre continuados pela transmissão da língua. O ser humano se mantém como ser diferente dos outros na sociedade pela criatividade com que utiliza os conceitos que recebeu dela pelo aprendizado da língua institucionalizada. Sua criatividade é fruto de seu corpo orgânico inato e de suas experiências, que resultam no método como seu pensamento estrutura as ideias. Logo, enquanto os conceitos são sempre continuidade para a sociedade e opressão para o indivíduo, o método é sempre a forma de ruptura e seu mecanismo de libertação, juntas, continuidade e ruptura, mantém atualizados e em funcionamento todos os mecanismos de sobrevivência” (https://imago.letras.ufg.br/p/1805-metodologia).
*Sebastião Elias Milani possui graduação em Letras - Português e Francês pela Universidade Estadual Paulista - Campus de Assis (1986 a 1989), Mestrado em Linguística pela Universidade de São Paulo (1991 a 1994), subárea Historiografia Linguística, e doutorado em Semiótica e Linguística geral, subárea Historiografia Linguística, pela Universidade de São Paulo (1996 a 2000). Atualmente é estatutário DE - classe E - Titular da Universidade Federal de Goiás. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Historiografia Linguística e Teoria Semiótica, atuando principalmente nos seguintes temas na graduação em Letras: Fonologia, Morfologia, Semântica, Linguística Diacrônica e Semiótica; e, na pós-graduação em Linguística: Historiografia Linguística e Teoria Semiótica. É líder do grupo de pesquisa em Historiografia Linguística e Teoria Semiótica – IMAGO.
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