EFEITOS
METAFÓRICOS E GRAU DE PRESENÇA DA ENUNCIAÇÃO NO ENUNCIADO – José Américo
Bezerra Saraiva e Ricardo Lopes Leite
Com uma linguagem fluida, didática e concisa, esse artigo discute muitos conceitos semióticos – principalmente os mecanismos enunciativos – até chegar à tensividade nos modos de presença.
Trabalhando com a Semiótica Tensiva fundamentada por Jacques Fontanille e Claude Zilberberg, o texto analisa os graus de presença da enunciação no enunciado em três notas jornalísticas: "Porto", "Aquário" e "Espelho". Ao mesmo tempo, os autores exploram a concorrência entre as isotopias manifestadas no discurso, que faz dele um campo de tensão no qual as grandezas distribuem-se em profundidade. Esse efeito de profundidade é produzido a partir das aproximações e afastamentos das grandezas em relação ao centro de referência.
Na análise das notas, também é trabalhada a noção de metáfora para além de um “jogo de figuras”, ou seja, a metáfora é entendida como um “fenômeno discursivo” e, portanto, nomeada de “processo metafórico”. Dessa forma, ela participa do espaço tensivo do discurso e pode ser qualificada em termos de extensidade e intensidade.
A partir das discussões, os autores mostram que a tensão existente entre enunciador e enunciatário é regulada pelos modos de existência semiótica e que, portanto, é necessário dar um tratamento mais complexo ao estudo dessa relação.
Apesar de curto, esse trabalho é bastante profundo em suas explanações e mostra como pequenas notas de jornal podem apresentar matéria suficiente para uma análise semiótica tão complexa.