Nossa
sugestão de leitura desse mês não é um lançamento, muito menos uma obra
recém-lançada. Trata-se de um livro publicado há dez anos, mas que apresenta um
conteúdo atemporal, que ultrapassa os limites da semiótica discursiva para
abordar questões próprias da linguística: as categorias da enunciação e suas
“astúcias”.
José Luiz Fiorin, o autor, é um
renomado professor livre-docente da Universidade de São Paulo (USP), que
publicou (e publica) inúmeras obras de linguística e ministra diversos cursos e
palestras Brasil afora. O didatismo de Fiorin se estende não apenas às aulas,
mas também à escrita. Seus textos são carregados de significados, mas a leitura
é leve e prazerosa.
Nessa obra, Fiorin extrapola as
categorias da enunciação – pessoa, tempo e espaço – para discorrer sobre seus
desdobramentos e os efeitos de sentido criados. No capítulo sobre a categoria
de pessoa são apresentadas todas as possibilidades de actorialização:
pessoa demarcada, multiplicada, transformada, subvertida, transbordada e
desdobrada. As mesmas possibilidades se estendem para os tipos de espaço e de
tempo, que são estudados em capítulos separados. Sobre esse último, porém, há o acréscimo dos tempos dominado,
sistematizado e harmonizado.
Duas
teses principais norteiam as discussões apresentadas nesse trabalho: “a) as categorias de pessoa, tempo e
espaço são regidas pelos mesmos princípios; b) seu funcionamento no discurso é
instável, mas essa instabilidade obedece a determinadas coerções.”.
Trata-se de uma obra fundamental
para quem pretende compreender melhor os mecanismos enunciativos e a sintaxe
discursiva, com foco nas projeções da enunciação no enunciado e nas relações
entre enunciador e enunciatário.
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