O objetivo
central deste livro, produzido a partir de uma dissertação de mestrado,
foi tentar compreender, com auxílio de métodos semióticos, o processo de
construção das autorias espirituais nas cartas "familiares" ou
"consoladoras" escritas - ou psicografadas - pelo médium Chico Xavier. A
autora, Cintia Alves da Silva, procura detectar sinais de coerência
nessas autorias ao longo do tempo, e em que medida elas apresentam
marcas de autonomia ou individualidade que permitam distingui-las umas
das outras.
O córpus analisado é
composto de dez cartas psicografadas publicadas entre 1973 e 1980 e
atribuídas a três autores: Augusto César Netto, Jair Presente e Laurinho
Basile. Como pano de fundo, a autora põe em xeque uma ideia bastante
comum entre os espíritas adeptos de Xavier, a de que a escrita do médium
seria tão fiel ao estilo dos espíritos por ele psicografados que se
poderia até reconhecer as expressões e formatos verbais que eles
supostamente utilizavam em vida.
O
trabalho também buscou caracterizar as cartas psicográficas como um
tipo particular de texto, que se diferencia dos textos epistolares
tradicionais. Para a autora, além de se configurarem como gênero
editorial específico, as cartas psicografadas são escritas de modo tão
peculiar que ultrapassam o contexto do Espiritismo, avançando por vezes
para os terrenos da literatura e do memorialismo.
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Fernanda Massi
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